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Da Semente à Cereja

Brasil é o maior produtor de café do mundo. Ostentamos a grandiosa alcunha de “Nação do Café”, não à toa. Aproximadamente 2,5 milhões de hectares das terras tupiniquins são cobertas por cafezais, sendo – para a nossa alegria – 74% deste abissal montante bem representado pela espécie Arábica.

Sensível, esta espécie se adapta melhor quando cultivada acima de 800m de altitude; por aqui, tais lavouras se espalham principalmente pelas regiões da Mogiana Paulista, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. No entanto, não só de altitude se fazem bons cafés. Neste post te convido a conhecer um pouco mais do caminho que essa semente percorre até se tornar o fruto que dá origem à nossa bebida preferida: o café.

Antes de mais nada, é necessário definir onde o café será plantado. Café gosta de água, mas não muito: até 2 mil milímetros por ano.

Café gosta de frio, mas não muito: entre 18°C e 23°C ele faz a festa. A altitude é um fator relevante, principalmente porque a cada 100m a temperatura varia aproximadamente 1°C, combinando-se a isso também a variação da incidência de chuvas, vento e umidade nas alturas. E se a altitude importa, o mesmo vale para a latitude, pois quanto mais distante da linha do Equador estivermos (e no nosso caso, tendo as proximidades do Trópico de Capricórnio como limite), menor é a altitude necessária para um bom plantio.

Todas essas variáveis acrescidas às condições do solo – que deve preferencialmente ser rico em matéria orgânica, potássio, fósforo, nitrogênio, cálcio e magnésio – compõem o que se convencionou chamar de Terroir. Este, condicional determinante para uma região ser ou não adequada ao plantio do Arábica.

Região definida, a segunda condição para o plantio do café é a paciência. O café é uma cultura perene, que vai permanecer por pelo menos 25 anos na família do produtor. Em contrapartida, a planta demora em média 3 anos até alcançar o ponto de colheita e, talvez, ainda mais duas voltas em torno do sol para começar a dar bons frutos.

O delicado processo começa com a criação do viveiro e produção das mudas e aos 45 dias, em média, já se percebe quais dessas mudas têm qualidade para se desenvolver. Após este período segue-se um cuidado intenso por meses até a muda atingir a formação de 3 a 6 pares de folhas bem fortes e saudáveis, estágio onde ela está pronta para ir para o cafezal.

As chuvas que anunciam a chegada do verão irrigam o solo que recebe as mudas, com espaçamento específico para cada variedade e desenho das ruas definido de acordo com o movimento solar. Imediatamente após o transplantio iniciam-se os tratos culturais, uma série de procedimentos de cuidado com o solo e em seguida com a planta, que visam a manutenção da nutrição, o combate de pragas e doenças e o aumento da capacidade de produção do cafeeiro.

Eis que o momento mais esperado é chegado. Efêmera e encantadora, a florada é o prenúncio da ventura na colheita. A primavera faz desabrochar as brancas flores de cinco pétalas, deixando o cafezal como que coberto de uma neve cheirosa, por não mais que 3 dias.

Este espetáculo pode se repetir poucas vezes nas regiões de latitude média, onde a época seca é bem definida e até várias vezes ao longo do ano em regiões equatoriais chuvosas. O produtor sabe que quanto maior o número de floradas, menos homogênea será sua colheita e, por conseguinte, mais caro será o custo de seu produto final.

Ao sucesso da germinação das flores dá-se o apelido de “pegamento da florada” e, como resultado desse flerte, surgem os “chumbinhos”, brotos verdes que darão origem aos frutos, que ao amadurecer ganham coloração vermelha ou amarela e o nome de cereja.

Agora é hora de arrumar a casa, realizar a arruação, limpar a lavoura de galhos, pedras, folhas, grãos caídos e assim está dada a largada à colheita. Cada minuto é precioso nesta corrida contra o tempo.

A eficiência do produtor e a qualidade do produto final estão diretamente ligadas à capacidade de colher os grãos maduros mais rapidamente, mas esse é assunto para o próximo post. Por enquanto sigamos o dia com essa linda imagem de uma lavoura de nossas fazendas repleta de cerejas bem madurinhas prestes a se tornarem um delicioso e complexo café especial.

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